10/11/2011

Jornalismo?





O Curso de Jornalismo é sem dúvida um dos mais procurados entre os demais e em todas as universidades que oferece boa ou má formação... E aí eu pergunto: O que é esta “boa” formação? Partindo do pressuposto que o jornalismo é uma profissão que não exige o diploma para o exercício. E quando eu indago sobre esta “boa” formação, eu destaco vários fatores. O primeiro deles é que a bagagem que o jornalista deve carregar para ter conteúdo suficiente para seguir a profissão, não é ensinada ou oferecida ao longo do curso, isso depende totalmente da afinidade e pré-disposição do estudante. Quase todo o repertório para se consolidar um jornalista, o estudante deve fazer por si só, lendo, estudando, se munindo de informações, devorando livros em diversos temas, ser um verdadeiro rato da informação. E depois, num segundo momento, deve se atentar as técnicas de escritas, formas de linguagem, teoremas e tudo mais.
A grande preocupação em torno desta formação em massa de jornalistas é que isso pode acarretar no desapontamento e infelicidade na profissão. E isso pode acontecer justamente pelo profissional tentar entrar no mercado de trabalho e se deparar a uma exigência profissional diferente e abusiva àquela pelo qual a graduação o qualificou. Pedem mais de um lado, e do outro, o que se tem para oferecer neste início de carreira imatura, é muito pouco.

Nas faculdades de jornalismo temos aquela metodologia de leituras de clássicos obrigatórios, como a História da Imprensa, técnicas de reportagem, clássicos do cinema como Cidadão Kane, e algumas pérolas mais. E não temos como grade nas aulas, um aprofundamento em nossa própria língua portuguesa, não há na um ensino aprofundado em outra língua, não há conteúdo extra no curso de jornalismo, que faça deste profissional um verdadeiro jornalista da vida real. O que intensifica a qualificação, parte deste próprio indivíduo num treino incansável de escrita e leitura. Infelizmente a faculdade não faz deste profissional hábil para escrever sobre qualquer tema, ou mesmo ter a postura crítica no momento de discorrer sobre um assunto. Por muitas vezes, aquele profissional que têm talento e bagagem para se tornar um grande repórter, ou mesmo para ser âncora, pode se decepcionar no mercado do estrelismo. Pois chegar neste patamar, além de percorrer um grande caminho no jornalismo, contamos com outros quesitos importantes para ingressar em algumas áreas, como: a boa influência, passagem em outras áreas no jornalismo, e muita, mais muita bagagem cultural.

Hoje lidamos com uma saturação no mercado, mas por outro lado, também vemos um crescimento grande em agências e assessorias de comunicações, um leque de oportunidades variadas para o exercício da profissão que vão desde trabalhar com mídias sociais, até ir para o lado de Relações Públicas e eventos. E estes novos jovens se formando, tem a noção disso? Eles querem isso mesmo? Eles estão deliberadamente prontos para trabalharem neste mercado, em diferentes áreas, por qualquer preço, ou estão previamente avisados que sem uma boa especialização, fluência em línguas, muita cultura, eles serão meramente números...

A falta de especialização é outro ponto agravante. O deslumbre na formação em jornalismo, não pode ser associado somente aos trabalhos nas grandes mídias impressas, televisivas, ou de grande impacto. Revistas especializadas em diferentes meios com na ciência, área de logística, tecnologia, música, artes, e até games, sofrem pela falta de especialização de profissionais escrevendo sobre estes temas. E para ter o “know how” suficiente para escrever sobre estes assuntos específicos, voltamos novamente à questão do princípio, a falta de conteúdo de muitos jornalistas.

Para ser mais clara, eu gostaria de dar um conselho para os novos parceiros na profissão. Talvez seja válido repensar se realmente vale a pena a primeira formação em jornalismo. Entenda que em nenhum momento eu desmereço a categoria, o jornalismo é o meu grande amor, porém, é preciso de mais fomento para este amor se tornar forte e maduro, antes que se torne passional...

O meu conselho para este novo profissional é: Tente escolher outra área de grande interesse, que proporcione grande conhecimento em um tema específico, e seja um entendido neste assunto. Busque pelo diferencial. Posteriormente, se achar necessário, faça uma especialização ou um curso complementar em jornalismo e seja diferente no mercado de trabalho. Estude muito, leia aquilo que ninguém lê, seja um incansável, chato, curioso. Mergulhe na literatura, história e política, seja insatisfeito, inquieto, e lembre-se: depender de um curso para escrever bem, para ter boas ideias, ou mesmo para ser capacitado para atuar no meio do jornalismo, não é um atributo ensinado, mas praticado unicamente por você.

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