10/11/2011

Corrupção



Nestes dias perambulava agoniada pensando nos porquês e na origem da corrupção. E na busca incessante de encontrar artigos para discursar, li boa parte deles, e decidi escrever sobre este tema que tanto me incomoda, me aflige e me faz querer encontrar soluções para minimizar este quadro desordenado de desvio de verba pública, principalmente que assola tanto nosso país.

A corrupção é uma prática antiga e muito comum desde a época do Brasil Colônia. Talvez a descoberta do Brasil há quinhentos anos, a prática da corrupção pegou carona, como forma dissimulada de tirar proveito de situações. Há até uma frase interessante do Padre Antônio Vieira (1608-1697) sobre os governantes coloniais: “Eles chegam pobres nas índias ricas, e voltam ricos das índias pobres.” Pois é, e ainda não é esta mesma realidade que presenciamos? Nada mais nada menos do que este mesmo quadro aperfeiçoado e modernizado de corrupção, com ministros sendo jogados para todos os lados, com denúncias de peso sendo manifestadas, e revelações absurdas que poderiam mudar toda a nossa realidade, começando pela miséria do país.

O desvio de verba pela corrupção poderia simplesmente resolver o problema que temos hoje da fome mundial. O Banco Mundial estima que em média um trilhão, eu repito, um trilhão, seja desviado pelas mãos sujas de personagens corruptos, que mudam o rumo de qualquer nação. E numa dessas, penso nos maiores malefícios que traz a corrupção, além da própria verba sendo sucumbida. É quase um genocídio de pessoas em razão da corrupção e vou explicar os porquês. Se uma pessoa que comete um delito sendo um assalto, algum crime, algum deslize, ela paga por meio de uma pena. Certo? E aquele que comete delito(S) em massa para toda uma sociedade?


A prática da corrupção é um crime que deveria exigir severa punição. Com o desvio de verbas, além de deixar de lado investimentos importantes para um país como aumento de rodovias, aeroportos, investimentos vitais para o equilíbrio de uma sociedade como a devida atenção à saúde pública, educação, saneamento, segurança. A falta de ação positiva nestes setores é quase privar uma população à felicidade. E no nosso país, ainda não falamos de crimes de gestão, mas não seria razoável pensarmos que privar uma sociedade de um bem estar é um egoísmo e um crime assim como o hediondo?
Eu defendo que muitas ações poderiam ser feitas e até são cogitadas. “Como por exemplo, aquele projeto de lei ficha limpa, é um PL que prevê que todos os futuros políticos, não tenham “passado sujo” para se eleger... E mesmo o a CPMI, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada por alguns senadores e deputados, que prevê a fiscalização de atos corruptos, por meio de uma comissão estável. Certamente isso daria certo, mas para colocarmos ordem em todos os setores seria necessário realmente uma faxina dentro do sistema, uma reordenada em tudo aquilo que conhecemos, a começar por:

No nosso sistema eleitoral o candidato fica muito próximo do eleitor. Este contato não deveria existir de nenhuma forma. E neste ponto vemos claramente como o “jeito caloroso e amigável do brasileiro” não deveria existir. A corrupção deveria levar à pena assim como disse antes... O medo de cometer atos corruptos deveria ser a principal coibição da prática. Temos o grave problema da impunidade em nosso país, e este fator antigo que leva cada vez mais a práticas repetitivas e destemidas dentro do governo e em outros setores. E por último, no Brasil, o Presidente pode eleger até vinte mil cargos de confiança dentro do poder. Para quê? Nos EUA são cinco mil e na França apenas quatrocentos... Como pode?

Agora caímos na armadilha de uma próxima eleição. Já sabemos de todos os trâmites, as artimanhas estão explícitas, e o interesse de um candidato entrar na política, é óbvio, pela facilidade de negociações para o furto do dinheiro público. E o nosso papel? Qual atitude falta do ponto de vista da sociedade para mudar esta realidade. Eu não creio que essas manifestações sejam como os estudantes da USP fazem sobre o impedimento da PM na Universidade. Não há necessidade neste grau e desta forma. Se compararmos o que foram os caras- pintadas na época do Collor, vimos uma ação em conjunto, unificada, com todos indignados por uma única causa e lutando por um mesmo ideal. Ainda não é por aí..

Certamente é difícil achar a chave da mudança, mas certamente caro leitor, se entrarmos no discurso de aceitar a corrupção quieto e simplesmente continuarmos na prática de criticar a política sem oferecer melhorias, aceitarmos solenemente à situação dos gestores do país roubarem nosso bem estar, onde vamos parar? Enquanto todos os dias, pegamos os transportes coletivos lotados e muitos deles sem qualidade, reclamamos da falta de rodovias nas estradas, indagamos sobre o valor excessivo de impostos, da falta de investimento em saúde pública, em números reduzidos de aeroportos, sentimos e choramos doídos pela miséria e fome... Tudo isso, torna nossa culpa a partir do momento que devolvemos o nosso Silêncio como manifestação. E por fim, nos tornamos coniventes à corrupção.

Atitudes como a não aceitação desta realidade, a luta pela mudança, a participação popular em audiências públicas, a sociedade civil se manifestando e a não aceitação de cabeça baixa, frente a estes roubos descarados, podem contribuir para uma sociedade que luta mais por ações e não aceita mais ser privada de seu bem estar.

Alguns dados que encontrei para ilustrar meu texto:

Com aproximadamente R$ 50,80 bilhões desperdiçados com a corrupção, o Brasil poderia bancar:

· 24,5Milhões de alunos das séries iniciais do ensino fundamental,
· 129 mil escolas das séries iniciais do ensino fundamental, com capacidade para 600 alunos,
· 57,6 mil escolas para séries iniciais do ensino fundamental, segundo o modelo CAQI.
· 160 milhões de cestas básicas,
· 209,9 milhões de bolsa família em seu valor máximo ( R$242)
· 918 MIL CASAS POPULARES!

Jornalismo?





O Curso de Jornalismo é sem dúvida um dos mais procurados entre os demais e em todas as universidades que oferece boa ou má formação... E aí eu pergunto: O que é esta “boa” formação? Partindo do pressuposto que o jornalismo é uma profissão que não exige o diploma para o exercício. E quando eu indago sobre esta “boa” formação, eu destaco vários fatores. O primeiro deles é que a bagagem que o jornalista deve carregar para ter conteúdo suficiente para seguir a profissão, não é ensinada ou oferecida ao longo do curso, isso depende totalmente da afinidade e pré-disposição do estudante. Quase todo o repertório para se consolidar um jornalista, o estudante deve fazer por si só, lendo, estudando, se munindo de informações, devorando livros em diversos temas, ser um verdadeiro rato da informação. E depois, num segundo momento, deve se atentar as técnicas de escritas, formas de linguagem, teoremas e tudo mais.
A grande preocupação em torno desta formação em massa de jornalistas é que isso pode acarretar no desapontamento e infelicidade na profissão. E isso pode acontecer justamente pelo profissional tentar entrar no mercado de trabalho e se deparar a uma exigência profissional diferente e abusiva àquela pelo qual a graduação o qualificou. Pedem mais de um lado, e do outro, o que se tem para oferecer neste início de carreira imatura, é muito pouco.

Nas faculdades de jornalismo temos aquela metodologia de leituras de clássicos obrigatórios, como a História da Imprensa, técnicas de reportagem, clássicos do cinema como Cidadão Kane, e algumas pérolas mais. E não temos como grade nas aulas, um aprofundamento em nossa própria língua portuguesa, não há na um ensino aprofundado em outra língua, não há conteúdo extra no curso de jornalismo, que faça deste profissional um verdadeiro jornalista da vida real. O que intensifica a qualificação, parte deste próprio indivíduo num treino incansável de escrita e leitura. Infelizmente a faculdade não faz deste profissional hábil para escrever sobre qualquer tema, ou mesmo ter a postura crítica no momento de discorrer sobre um assunto. Por muitas vezes, aquele profissional que têm talento e bagagem para se tornar um grande repórter, ou mesmo para ser âncora, pode se decepcionar no mercado do estrelismo. Pois chegar neste patamar, além de percorrer um grande caminho no jornalismo, contamos com outros quesitos importantes para ingressar em algumas áreas, como: a boa influência, passagem em outras áreas no jornalismo, e muita, mais muita bagagem cultural.

Hoje lidamos com uma saturação no mercado, mas por outro lado, também vemos um crescimento grande em agências e assessorias de comunicações, um leque de oportunidades variadas para o exercício da profissão que vão desde trabalhar com mídias sociais, até ir para o lado de Relações Públicas e eventos. E estes novos jovens se formando, tem a noção disso? Eles querem isso mesmo? Eles estão deliberadamente prontos para trabalharem neste mercado, em diferentes áreas, por qualquer preço, ou estão previamente avisados que sem uma boa especialização, fluência em línguas, muita cultura, eles serão meramente números...

A falta de especialização é outro ponto agravante. O deslumbre na formação em jornalismo, não pode ser associado somente aos trabalhos nas grandes mídias impressas, televisivas, ou de grande impacto. Revistas especializadas em diferentes meios com na ciência, área de logística, tecnologia, música, artes, e até games, sofrem pela falta de especialização de profissionais escrevendo sobre estes temas. E para ter o “know how” suficiente para escrever sobre estes assuntos específicos, voltamos novamente à questão do princípio, a falta de conteúdo de muitos jornalistas.

Para ser mais clara, eu gostaria de dar um conselho para os novos parceiros na profissão. Talvez seja válido repensar se realmente vale a pena a primeira formação em jornalismo. Entenda que em nenhum momento eu desmereço a categoria, o jornalismo é o meu grande amor, porém, é preciso de mais fomento para este amor se tornar forte e maduro, antes que se torne passional...

O meu conselho para este novo profissional é: Tente escolher outra área de grande interesse, que proporcione grande conhecimento em um tema específico, e seja um entendido neste assunto. Busque pelo diferencial. Posteriormente, se achar necessário, faça uma especialização ou um curso complementar em jornalismo e seja diferente no mercado de trabalho. Estude muito, leia aquilo que ninguém lê, seja um incansável, chato, curioso. Mergulhe na literatura, história e política, seja insatisfeito, inquieto, e lembre-se: depender de um curso para escrever bem, para ter boas ideias, ou mesmo para ser capacitado para atuar no meio do jornalismo, não é um atributo ensinado, mas praticado unicamente por você.